Os ecocréditos ZerO2Nature
O Tratado de Kyoto foi concebido em 1992, no Rio de Janeiro; foi assinado em 1997, em Kyoto e foi ratificado em 2005, quando o número de 55% de nações-parte, responsáveis por 55% das emissões mundiais de GHG, foi atingido. Todo o esforço, o dispêndio e o tempo gastos na construção deste grande desempenho do TK não devem ser desprezados.
A vulnerabilidade do mercado de créditos de carbono de hoje reside no estabelecimento das metas do TK. O planeta conta hoje com 206 países, dos quais 193 fazem parte da Organização das Nações Unidas. Destes, 192 assinaram e ratificaram o Tratado de Kyoto.
Há um entendimento generalizado que a diminuição das emissões de gases de efeito-estufa implica diretamente na ablação do crescimento do ente produtivo. Sendo assim, tempos de crise como os atuais, tornam praticamente impossível um consenso com relação ao segundo período do TK.
O que tentamos demonstrar até aqui é a estreita relação que viceja entre Economia e Confiança. E é com base nesta relação que propomos o crédito ecológico.
É com base nesta efetividade intangível que cruzamos a ponte de Kyoto para o voluntário e evolvemos. Por que o mercado voluntário nunca alcançou a expressividade de Kyoto? A resposta é simples: falta confiança. Se por um lado temos os créditos de carbono oriundos do mecanismos de flexibilização do TK de tal modo e rigidamente vinculados a metas que, sem elas perdem a razão de ser, por outro temos um mercado voluntário flácido, complacente; com padrões que aceitam as mais improváveis situações como mitigadoras do aquecimento global e a elas conferem prêmios que, de tão lúdicos, não apenas inadequam-se a um espaço mercadológico como também enfraquecem aqueles mais comprometidos com a realidade e, consequentemente, com a ética.
Com os créditos ecológicos estamos propondo mais do que o tão discutido arrefecimento global. Propomos a diminuição do indiscutível impacto ambiental antrópico. No padrão ZERO2NATURETM, os créditos ecológicos dividem-se em PREHYDRO, PREBIO, PREFOR, PRECARB e PREMIN; tratando da remoção/mitigação do impacto ambiental antrópico imprimido a água, biodiversidade, florestas, reservas hidrocarboníferas e reservas minerais, respectivamente.
Tomando por exemplo apenas o CDM, temos hoje quase cinco mil projetos registrados no mundo que geraram, mais de 1 bilhão de CERs. O arcabouço foi solidamente construído, pois que tem lastro 100% garantido nos projetos registrados, já que um crédito de carbono refere-se à retirada de uma tonelada-equivalente de dióxido de carbono: o mercado existe.
Mas este mercado traz a letra escarlate de suas deformações, de suas má-formações, de suas desinformações. Se pudéssemos aglutinar o embasamento técnico e a organização dos projetos oriundos dos mecanismos de flexibilização do TK à desburocratização e democratização das melhores economias do mundo, certamente alcançaríamos um novo conceito em termos de ambiente negocial.
Ao emitir os créditos, a UNFCCC adotou a prática moderna de mercado, onde as transações bursáteis ocorrem eletronicamente. Todavia, a realidade é que um contrato de compra e venda de um barril de petróleo é instantaneamente apreendido, pois que não há ser no mercado que desconheça do que se trata. E isso definitivamente nunca ocorreu com os créditos de carbono.
Com os créditos ecológicos, o mercado encontra seu caminho. Há uma universalização do conhecimento quanto ao que seja um crédito ecológico, há a possibilidade de cada ser do planeta adquirir esses créditos há um imediato aumento da demanda, pois que a diminuição do impacto ambiental antrópico passa a ser responsabilidade de todos e de cada um.
Desobrigando os entes produtivos do pagamento das multas, democratizando o acesso aos créditos e garantindo a perpetuação do mercado, aumenta a demanda pelo crédito consequentemente originando novos projetos, que geram emprego e renda, recolhem impostos e como efeito, contribuem com a melhoria da qualidade de vida no planeta. É possível até que se diversifique a composição da procura, com a inclusão de novos tipos de agentes compradores, com propósitos mercadológicos diversos.
O que leva uma pessoa a comprar uma bolsa de cem mil euros ou um carro de dois milhões de dólares? A subjetividade do mercado reside na certeza de que nem a bolsa Hermès nem a Ferrari possuem o valor real que custam, mas efetivamente despertam naqueles que podem se permitir, a necessidade de possuí-los. Se é com este nível de subjetividade que vigora a Economia, pode-se entender o crédito ecológico não como real, mas absolutamente efetivo e atribuir-lhe valor.
por Patrizia Tomasi
Engenheira Holista Diretora da Planck E
Membro ativo da ONU/UNFCCC Assessment Team
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